quarta-feira, novembro 02, 2005

Sociedade de mosqueteiros


Tudo se passou à cerca de 10 anos atrás, num dos primeiros meses do ano, e previa-se um dia como tantos outros. Era de manhã e eu tinha ido comprar pão para o pequeno – almoço, só tinha aulas de tarde naquele dia.

Ao chegar a casa, avistei um homem com um saco e com um ar que na altura me causou um certo medo. Desviei o olhar, mas não resisti em olhar de novo, nesse instante todo o medo se dissipou, o homem estava estendido no chão. Corri até casa para buscar água e tentar reanimar o homem. Quando regressei já o homem estava mais acima sentado na valeta, com as beatas da mercearia todas de volta dele, aproximei-me para tentar saber então o que se passava.

O homem tremia todo e mal conseguia falar. Posto isto, abrimos o saco para tentar saber mais sobre ele. Lá dentro tinha alguma roupa, muitos medicamentos, e uma folha de papel 25 linhas azul de uma câmara municipal, onde declarava que aquele homem tinha problemas nervosos, o que explicava o facto de estar a tremer. Uma vez que a mercearia tinha snack, os proprietários deram-lhe o pequeno-almoço. Mas acham que o levaram lá pra dentro?! Pois…nada disso, deixaram-no mesmo ali na valeta e foram embora. Pediram-me só pra depois levar lá a chávena.
Fiz-lhe companhia e fui conversando com ele, até que ele me disse que andava ali a tentar arranjar boleia pra Lisboa onde tinha uma irmã.

Enquanto ele acabava de comer pedi-lhe pra esperar por mim. Fui a casa e preparei-lhe um saco com comida, trouxe algum dinheiro e também um bonequinho que dizia “I love you”. Quando voltei coloquei a merenda no saco, dei-lhe 1000$ que na altura já era qualquer coisa, e o boneco coloquei-lho na mão e disse: “Se em algum momento se sentir só, aperte este boneco e lembre-se que eu estarei a torcer pra que consiga chegar ao seu destino.”, ele agradeceu e dirigiu-se ao paragem do autocarro.

Quando fui entregar a chávena nem imaginam o que aconteceu! Lançaram-se todos pra cima de mim a dizer que não devia ter feito aquilo, que já uma vez tinham andado a pedir pra um deficiente e veio-se a descobrir que era tudo mentira. Eu fiquei estarrecida a olhar pr’aquela gente sem saber o que dizer. Como é que mediante o que esteve diante dos olhos de todos podia haver dúvidas?! É que nem mesmo um actor de Hollywood fingiria tão bem.

Aquilo fez-me lembrar o célebre lema dos Mosqueteiros: “Um por todos e todos por um”, mas neste caso na versão: paga um por todos e pagam todos por um. E esta é a triste sociedade em que vivemos.
By Becas
(Anabela Sousa)

3 comentários:

Di disse...

tens razao...
sabes k nem todos pensam da mm forma nem todos tem um coraçao de manteiga como tu. eu tb nao dou esmola a kem pede, mas se for preciso ajudo kem precisa. mts sao os k pedem por preguiça e akeles k tem necessidade por norma sao os mais humildes e notasse nos seus rostos e nos seus olhos k falam a verdade...
e uma historia bonita apesar de triste e com um final feliz espero eu...
nao te eskeças k o valor k tens e superior ao valor k pensam k tens...

Anónimo disse...

minha Cara Bekas

A justiça é uma mera tentativa dos homens para manter a decência humana ... mas infelizmente ao contrário do sol não é para todos!

Anónimo disse...

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